Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos e os psicólogos que fazem terapia online por videochamada. Autor: Marcela Garcia Manochio - Psicólogo CRP 06/120952
Você conhece alguém com vício em jogos de azar? As pessoas podem desenvolver vícios em qualquer coisa que cause uma sensação de bem-estar e satisfaça a sua necessidade por recompensas.
Os jogos de azar são viciantes justamente porque despertam prazer, adrenalina e, quando se ganha, alívio e sensação de vitória.
Por outro lado, quando se perder, o indivíduo fica tentado a jogar mais algumas rodadas para mudar a sua sorte.
Os jogos de azar ativam diversas partes do cérebro, como o córtex pré-frontal vetromedial, associado à tomada de decisão e memória, e o córtex frontal orbital, o qual ajuda no controle emocional.
Além disso, quando os jogadores compulsivos têm um resultado positivo, o sistema de recompensa do cérebro, responsável pela sensação de prazer, também é ativado.
Isso faz com que eles associem o ato de apostar a algo inteiramente positivo e busquem mais oportunidades para jogar.
Também chamada de compulsão por jogos, essa condição apresenta sintomas menos óbvios e evolui gradativamente.
A cada nova jogada, a pessoa compulsiva desenvolve um apego maior pelas apostas e começa a investir mais de seus recursos nos jogos.
Dessa maneira, ela pode rapidamente se atolar em dívidas e se envolver em outros problemas sérios.
Sintomas de vício em jogos de azar
O que torna os vícios tão problemáticos é o impacto negativo que possuem na vida diária das pessoas.
Quando praticado moderadamente, um hábito que possui potencial para se transformar em um vício, como fazer compras ou comer alimentos gordurosos, não apresenta riscos.
Os problemas começam a surgir quando a pessoa compulsiva percebe uma súbita decaída na sua qualidade de vida.
O trabalho, o estudo, os relacionamentos, a autoestima e, neste caso, a vida financeira sofrem o impacto do vício.
O mesmo acontece com a saúde mental e física. Logo, a pessoa se vê deprimida e exausta sem saber pontuar o que está de errado.
Entre os sintomas do vício em jogos de azar estão:
- Impulsividade;
- Mentir sobre não estar apostando para não preocupar entes queridos;
- Esconder perdas significativas;
- Não admitir o vício;
- Perda de interesse em outras atividades, desde hobbies até atividades do dia a dia;
- Faltar a compromissos, como eventos sociais ou trabalho, para poder apostar;
- Apostar cada vez mais alto tanto para recuperar o dinheiro perdido quanto para ganhar mais dinheiro;
- Apostar reservas financeiras ou objetos de valor;
- Cometer crimes para conseguir manter o vício ou pagar dívidas;
- Pensamentos negativos em razão do endividamento;
- Competividade; e
- Gastar todo o dinheiro conquistado com coisas supérfluas ou outras apostas.
Esses sintomas são desenvolvidos aos poucos e, como a pessoa viciada esconde a gravidade do problema dos demais, eles podem ser notados somente quando ela já acumula muitas dívidas.
Causas do vício em jogos de azar
As pessoas jogam por várias razões, como gosto por apostas e emoções intensas, tentativa de afastar o tédio, necessidade de afastar emoções negativas, como o desânimo, e para resolver problemas financeiros.
O vício pode começar de maneira simples, a partir da curiosidade sobre como funcionam os jogos de azar.
Enquanto jogam, as pessoas podem momentaneamente se esquecer de seus problemas e aliviar o estresse.
Elas se sentem grandiosas quando ganham e, quando perdem, querem fazer reparações e apostar até ganharem outra vez.
A antecipação enquanto esperam para saber o resultado dos jogos desperta adrenalina e as vitórias instigam uma sensação de prazer e bem-estar.
Essa combinação incentiva as pessoas a jogarem cada vez mais, principalmente quando estão passando por um período ruim em suas vidas.
Sendo assim, o vício em jogos de azar têm uma relação direta com o psicológico.
Embora nem todo mundo desenvolva o vício em jogos de azar, é preciso ter cautela ao jogá-los devido às suas características viciantes.
O vício em jogos é considerado um transtorno pelo CID (Classificação Internacional de Doenças) devido à sua capacidade de causar prejuízos à saúde mental e física, bem como à qualidade de vida, das pessoas.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, revelaram que, em 2016, o prejuízo financeiro de apostadores ao redor do mundo foi de US$ 400 bilhões.
Além disso, pessoas viciadas em jogos de azar são mais suscetíveis a desenvolver depressão.
Tratamentos disponíveis para o vício em jogos de azar
Além dos problemas financeiros e dos riscos à integridade física, uma das maiores consequências negativas do vício em jogos de azar é o desgaste dos laços afetivos.
A compulsão pode levar a pessoa viciada a surrupiar os recursos financeiros dos seus entes queridos para alimentar o vício.
Assim, pessoas que não têm nada a ver com as apostas acabam se endividando.
A pessoa viciada pode se ver perdida e sozinha, sem o apoio de familiares e amigos que têm dificuldade para lidar com a sua compulsão.
Essas sensações despertam sentimentos e pensamentos negativos, podendo colaborar para o desenvolvimento de condições de saúde mental.
Então, é indispensável buscar tratamento para a compulsão assim que os sinais forem percebidos.
Se a pessoa viciada não aceitar ajuda profissional, é importante continuar conversando sobre o assunto para que ela perceba a gravidade de suas ações e, em casos severos, procurar informações sobre internação.
Os tratamentos disponíveis para o vício em jogos de azar são:
1. Psicoterapia
A terapia cognitiva-comportamental (TCC) e a terapia behaviorista são consideradas as abordagens mais adequadas para o tratamento de comportamentos compulsivos.
A terapia behaviorista utiliza técnicas de exposição ao comportamento que se deseja combater para ensinar ao paciente como ele deve reagir diante de estímulos negativos.
No caso do vício em jogos de azar, ele é ensinado a combater a vontade de jogar.
Já a TCC foca em identificar padrões de comportamento, pensamentos e sentimentos negativos para substituí-los por alternativas positivas.
As crenças que cultivamos ao longo da vida influenciam a maneira como nós agimos, pensamentos e sentimos.
Para eliminar padrões negativos, é preciso investigar essas crenças, entender como se deu a sua formação e construir crenças positivas, as quais geram comportamentos, pensamentos e sentimentos saudáveis.
2. Clínicas de reabilitação
Um psicólogo pode recomendar a internação em uma clínica de reabilitação, onde as pessoas podem permanecer em um ambiente distante de gatilhos que despertam a vontade de jogar.
A internação tem duração aproximada de três meses ou mais.
Nesse período, a pessoa dependente passa por um processo de desintoxicação psicológica em que recebe o auxílio de múltiplos profissionais.
O atendimento é composto por atendimento médico e psicológico, grupos de apoio e programas de atividades diversas.
3. Grupos de apoio
Algumas pessoas respondem positivamente aos grupos de apoio. Eles funcionam da seguinte maneira: um grupo de pessoas se reúne para falar sobre um determinado problema e ouvir as histórias de quem está em uma situação semelhante.
A dinâmica é conduzida por um psicólogo que aconselha os participantes de acordo com o caso.
Essas reuniões acontecem em instituições e organizações não-governamentais voltadas para o tratamento de vícios, como, por exemplo, os Jogadores Anônimos.
Como ajudar alguém viciado em jogos de azar?
O apoio familiar é essencial para o tratamento do indivíduo com compulsão por jogos de azar.
O processo para desconstruir o vício e desenvolver hábitos mais saudáveis é longo e costuma despertar muitas emoções negativas.
A compulsão, por exemplo, pode estar ligada a uma crença desenvolvida após uma experiência dolorosa.
Entes queridos podem demonstrar apoio da seguinte maneira:
- Cortar acesso aos jogos de azar, sejam físicos ou online;
- Participar de atividades estimulantes, como atividades físicas e hobbies, com a pessoa compulsiva;
- Ouvir sem fazer julgamentos;
- Não gratificar comportamentos que intensificam o vício;
- Evitar repreensões agressivas, mas deixar claro quais comportamentos são adequados;
- Ajudar a pessoa compulsiva a planejar a sua vida financeira para quitar as dívidas;
- Não dar soluções fáceis, como emprestar dinheiro. Você pode fazer isso ocasionalmente, mas é ideal incentivar a pessoa a solucionar o seu problema por conta própria; e
- Acompanhar a pessoa aos tratamentos.
A terapia em família também pode ser útil uma vez que compulsões geralmente afetam a dinâmica familiar.
Em casos em que a pessoa viciada em jogos faz uso dos recursos financeiros da família para manter o vício, por exemplo, visitar um psicólogo pode ajudar os entes queridos a desenvolverem estratégias para lidar com a situação.
Mesmo com o tratamento e apoio de pessoas queridas, a pessoa compulsiva pode voltar a apostar ou frequentar ambientes que facilitam a jogatina.
Essa oscilação de conduta e vontades é normal e deve ser tratada com cuidado.
Entes queridos, além de terem paciência, podem incentivar a pessoa a buscar atendimento psicológico urgente para evitar o prolongamento da recaída.
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Autor: psicologa Marcela Garcia Manochio - CRP 06/120952Formação: Formada há mais de 10 anos pela Universidade de Franca, especialista em Psicoterapia Psicanalítica, membro do Núcleo NEOTA, possui experiência em atendimentos de adultos e terapia de casal, com foco em demandas como transtornos de ansiedade, relacionamentos, conflitos profissionais, depressão...
Artigo excelente!!!!
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