Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos e os psicólogos que fazem terapia online por videochamada. Autor: Amanda Hyppolito Gasparini Carbinatto - Psicólogo CRP 06/149634
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que desperta muitos questionamentos e preocupação nos pais de crianças com autismo.
No Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas receberam o diagnóstico de TEA, segundo dados do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE) de 2022.
Este número coloca em evidência a necessidade de desvendar as características do transtorno para promover mais qualidade de vida para quem vive com ele.
O que é Transtorno do Espectro Autista?
Os transtornos do neurodesenvolvimento são formados por um grupo de condições que aparecem no início do desenvolvimento.
Entre elas está o Transtorno do Espectro Autista, caracterizado por déficits na comunicação social e padrões repetitivos e restritos de comportamento.
Não se trata de uma doença, mas, sim, de uma variação no funcionamento regular do cérebro.
Não é uma condição exclusiva das crianças, embora o diagnóstico na infância seja o mais comum.
É importante, aliás, que ele seja feito cedo para que o tratamento para o TEA seja realizado o mais breve possível.
Entretanto, tem se tornado cada vez mais comum a descoberta do diagnóstico do autismo adulto.
Assim, por ter sintomas similares a outras condições, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e vários graus de intensidade, desde leves até severos, indivíduos podem chegar à vida adulta sem receber um diagnóstico adequado.
Qual a diferença entre autismo e transtorno do espectro autista?
Os termos autismo e transtorno do espectro autista referem-se à mesma condição.
Com a evolução do entendimento das características do TEA ao longo dos anos, chegou-se à conclusão de que o autismo é, na verdade, um espectro com graus distintos.
Indivíduos diagnosticados com TEA apresentam dificuldades de socialização, comportamentos padronizados e dependência de cuidados de terceiros em graus variados, por exemplo.
Por isso, ocorreu a mudança do nome do transtorno.
Sintomas do Transtorno do Espectro Autista
Os sintomas do transtorno do espectro autista costumam ser percebidos logo nos primeiros anos de vida.
Normalmente, próximo aos dois anos de idade, mas a criança já pode expressar alguns indícios de dificuldades de comunicação com um ano e meio.
Entre os sintomas do autismo estão:
1. Dificuldade para se expressar
Pessoas com autismo possuem dificuldade para se expressar com clareza.
Assim, dependendo da severidade do TEA, eles não conseguem expressar os seus sentimentos.
Os níveis de gravidade são divididos em três categorias e, no nível três, há um déficit expressivo na comunicação.
Neste caso, a pessoa precisa de apoio significativo no seu dia a dia para conseguir se comunicar.
2. Falas ou movimentos repetitivos
A ecolalia é a caracterizada pela repetição das palavras. Como o nome indica, é como se houvesse um “eco” da fala.
Assim, pessoas com TEA podem repetir sílabas, palavras e frases durante conversas na tentativa de acalmar a ansiedade ou responder ao desconforto causado por estímulos sensoriais.
3. Ausência de contato visual
A falta de contato visual é um dos sintomas que motiva os pais a procurar ajuda médica.
Esse tipo de contato intimida ou incomoda e quebra a concentração no que está sendo falado ou ouvido.
Por isso, a tendência é que não haja contato visual durante interações sociais.
Mas, como dito, essa dificuldade depende do grau de severidade do TEA.
Com o tratamento, as crianças também tendem a se sentir mais confortáveis para olhar no olho.
4. Dificuldade de interpretar linguagem corporal e expressões faciais
A comunicação não verbal é uma grande dificuldade para as pessoas com TEA.
Elas possuem dificuldade para compreender o significado por trás das expressões faciais e da linguagem corporal, como gestos e posturas.
Por não conseguirem reconhecer nos outros, também costumam ter limitação na própria linguagem corporal e expressões.
5. Apego a rotina
A repetição das atividades dia após dia traz uma sensação de segurança e conforto, por isso, quando a rotina é quebrada, a tendência é haver uma forte reação emocional.
Quando a mudança é programada, é preciso explicar com paciência e cuidado ao indivíduo com TEA.
6. Interesses restritos
Pessoas com transtorno do espectro autista normalmente possuem interesses restritos e se tornam obcecados por um assunto em particular, virando experts devido à busca constante por conhecimento.
Nas crianças, esses interesses costumam ser animais e dinossauros.
7. Dificuldade para fazer amizades
O déficit nas habilidades sociais corrobora para a dificuldade de firmar amizades.
Nos níveis 1 e 2, as pessoas com autismo normalmente conseguem fazer algumas amizades que compreendem o seu jeito de ser.
Já no nível 3, construir laços fortes é mais desafiador.
8. Reações exageradas a estímulos sensoriais
Certos sons, luzes, cheiros, texturas e toques podem causar muito estresse.
Logo, evitar ambientes onde o barulho e o movimento são constantes, bem como certos tipos de roupas e alimentos, por conta da textura desagradável ao paladar ou corpo, é comum.
O que causa uma crise no autismo?
A crise no autismo acontece quando o indivíduo perde o controle emocional momentaneamente.
Ela pode ser desencadeada por um gatilho, como sobrecarga de estímulos sensoriais ou a interrupção de uma ação, resultando na quebra de concentração.
As crianças choram, gritam e tem movimentos repetitivos, como bater no rosto ou se chacoalhar.
Já os adultos, além dos gritos e movimentos repetitivos, podem se isolar em um canto e não responder a estímulos externos enquanto tentam se acalmar.
Em alguns casos, tanto crianças quando adultos podem ter comportamentos agressivos contra si mesmos ou os outros.
O que pode provocar o autismo?
A causa específica do transtorno do espectro autista ainda está sob investigação. Fortes evidências, segundo o DSM-V, apontam para:
- Componentes genéticos, ou seja, transmitidos de pais para filhos.
- Existência de outro transtorno do neurodesenvolvimento, como o TDAH ou transtornos do comportamento disruptivo.
- Existência de uma patologia genética, como síndrome de Rett ou síndrome do X-frágil.
- Exposição ambiental, como muito baixo peso ao nascer, consumo de substâncias durante a gravidez ou síndrome do álcool fetal.
O risco de TEA é aumentado quando a gravidez é de alto risco ou em idade avançada, ou quando o parto é induzido.
Como é feito o diagnóstico do TEA?
O neuropediatra é o profissional que confirma o diagnóstico em crianças.
Durante a consulta, o profissional faz uma série de questionamentos aos pais e observa o comportamento da criança.
Ele também pode perguntar se os pais já receberam algum relato atípico de professores ou psicólogos sobre a conduta do filho.
Não existe um exame específico para detectar o autismo.
O diagnóstico é feito com base nos critérios definidos pelo DSM-V.
Em alguns casos, no entanto, o médico pode encaminhar a criança para outros exames, como avaliação neuropsicológica e testes de audição.
Quando levar o filho ao médico?
Assim que os primeiros sintomas forem notados ou suspeitados, os pais já podem levar os filhos ao médico para uma investigação.
O atraso da fala costuma ser o principal sinal de aperta para os pais, mas a baixa sociabilidade também é um dos sintomas comuns nos primeiros anos de vida.
O isolamento social é perceptível principalmente se a criança frequenta uma creche.
É ideal levar a criança ao médico o mais rápido possível para, caso seja o necessário, o tratamento possa ser iniciado logo.
Como é feito o tratamento para o Transtorno do Espectro Autista?
O tratamento do TEA normalmente é multidisciplinar, ou seja, conta com a participação de vários profissionais.
A necessidade de cada paciente depende do grau de severidade do transtorno do espectro autista.
Porém, crianças autistas costumam ser encaminhadas para tratamentos com o psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo e terapeutas ocupacionais.
O acompanhamento com o neuropediatra é constante ao longo dos anos de desenvolvimento da criança.
Enquanto o psicólogo auxilia com questões emocionais e relacionadas às atividades diárias, o psicopedagogo ajuda o paciente a desenvolver as suas habilidades de aprendizagem.
Algumas crianças autistas podem ter dificuldade para começar a ler, escrever e prestar atenção nas atividades escolares.
Sendo assim, esse profissional objetiva melhorar o relacionamento dos pacientes com a escola e superar ou reduzir déficits.
No caso dos adolescentes e adultos, o tratamento é geralmente feito na psicoterapia.
A função do profissional neste caso é ajudar os pacientes a desenvolverem as suas habilidades sociais, controlar o estresse, ter respostas mais saudáveis aos gatilhos, responder bem a mudanças e imprevistos, entre outros.
Em qualquer caso, os familiares podem participar das consultas com o psicólogo quando requisitado pelo profissional ou quando desejarem conversar sobre um assunto específico relacionado ao TEA.
O apoio da família durante o tratamento é fundamental para a melhora e o conforto do paciente.
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Autor: psicologa Amanda Hyppolito Gasparini Carbinatto - CRP 06/149634Formação: A psicóloga Amanda Carbinatto é graduada em psicologia pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) pela PUCRS e Psicologia Hospitalar pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Possui ainda formação em Avaliação Psicológica...