O que é amor líquido?

O que é amor líquido?

Nossa sociedade está atravessada um novo paradigma: o amor líquido. Saiba mais sobre isso e veja se as suas relações também são assim.

O famoso sociólogo Zygmunt Bauman já dizia: “a solidão produz insegurança — mas o relacionamento não parece fazer outra coisa. Numa relação, você pode sentir-se tão inseguro quanto sem ela, ou até pior.

Só mudam os nomes que você dá à ansiedade.” O livro do autor iria dar sentido ao alerta para a crescente fragilização das relações sociais e afetivas em nosso mundo moderno. Veja o que é amor líquido, segundo a perspectiva dos psicólogos e como lidamos com esse fenômeno..

Traçando o que é amor líquido

Existe um paralelo entre a velocidade das mudanças e a estabilidade das relações. No amor líquido, já não se encontra mais o hábito de consertar as coisas que se deterioram. Isso acontece pela recente necessidade de acompanhar sempre o ritmo enlouquecido dos acontecimentos.

Em nossa sociedade atual costuma-se jogar fora o velho para dar lugar à novidade, ao novo desejo, de forma a substituí-lo por algo “diferente”. O que importa não é exatamente algo, um objeto, um produto, ou pessoa, mas sim o poder de escolher, de adquirir, ter, comprar e possuir.

Aquilo que é novo e atual deve ser sempre valorizado, segundo esta lógica. Assim, o mais importante não é mais apenas “ter”, mas a permanente ideia daquilo “que se tem”.

Como lidar com novos paradigmas

Este novo modelo, baseado no poder de ter, mas que nada pode reter, foi transladado para os relacionamentos. Na base da velocidade em que a tecnologia evolui e transforma a sociedade, as redes sociais cada vez mais vão impondo um novo olhar sobre as relações pessoais.

Hoje, costuma-se selecionar as pessoas pela sua estética, mesmo que ela seja virtual, ou melhor, pela capa.

Muitas vezes, pessoas com quem costumamos manter contato no meio digital, ao nos depararmos com ela na rua não as cumprimentamos. Ou ainda sentimos angústia e ansiedade a ponto de desejarmos que ela se vá logo. Nosso relacionamento com ela é digital.

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Psicóloga Luzia Lobato

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Outra coisa que ocorre é quando nos desagradamos de uma pessoa digitalmente. Costumamos simplesmente bloqueá-la, como uma morte digital. Ela simplesmente para de existir. Não existe conversa nem tentativa de buscar um entendimento. Apenas joga no lixo e parte para o novo. E esse tipo de atitude acaba sendo repetida no mundo físico.

Com isso não aprofundamos os relacionamentos. Eles se tornam superficiais e frágeis, o chamado amor líquido. As relações deixam de ser orgânicas para se transformarem em meras conexões.

O que é amor líquido? Ele é a relação que se esvai como água, sendo totalmente instável, sem forma e perene. Para a psicologia atual, a grande insegurança da atualidade está nessa liquidez, no não enfrentamento de desejos conflitantes, na frouxidão dos laços afetivos.

Consequências e desafios

Para os psicólogos, tal cenário se evidencia nas crescentes estatísticas de casos de transtornos psicológicos cada vez mais presentes na população. Torna-se um grande desafio buscar alguém para tornar essa liquidez em algo mais sólido e permanente.

Evite a fuga e aceite o presente

Fugir de algo que desagrada não necessariamente irá fazer bem para você. Busque as relações que sejam ou estejam no presente, no agora. Uma técnica importante que pode ajudá-lo nisso é treinar a chamada “atenção plena” ou Mindfulness.

Ela treina sua mente para focar no “instante-agora”. Seja onde estiver, feche os olhos e apenas sinta o momento presente como único, concentrando-se na interação com o que o rodeia.

Autoconhecimento e individualidade

No que o amor líquido produz, ou seja, a indiferença com as demais pessoas, recorde-se de que, assim como tal, todas as pessoas são únicas e individuais, e a sua interação com elas também será. Essa ideia de que a singularidade merece um contato verdadeiro, próximo e humano, desfaz a bolha egoísta em torno de si.

Autoestima

A boa autoestima desenvolve o amor-próprio, permitindo minimizar a perda, deixando de estar em situações de vulnerabilidade. Ela ainda nos dá a chance de arriscarmos. E para quem tem no amor líquido a sua forma de lidar com o mundo, ela pode ser muito útil: o encoraja a arriscar e investir em uma paixão, saber doar e trocar e idealizar a construção de uma relação.

Romper o individualismo

O individualismo apenas busca satisfazer as próprias necessidades pontuais, o que é amor líquido em sua essência. Na verdade, com um mundo cada vez mais individualizado e frágil em suas relações, estabelecer e comprometer-se em vínculos de compromisso parecem ser grandes desafios.

Porém, por trás do amor líquido, se oculta um sentido de humanidade que ainda existe e que pode representar a autêntica relação sólida, de estabilidade e de projeto.

Um profissional da saúde mental poderá ajudar no que diz respeito à insegurança, reflexo da baixa autoestima, da busca pela satisfação imediata e supérflua. Veja como é importante começar pouco a pouco a ter mais confiança em si mesmo e que é possível apostar na estabilidade.

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