Medo de rejeição: quais as causas e como lidar?

Muitas pessoas têm medo de serem rejeitadas. Somente essa palavra é capaz de gerar um arrepio na espinha de alguns.

Para evitar sofrer com as emoções e pensamentos negativos provocados pela rejeição, elas desenvolvem mecanismos de defesa que nem sempre são saudáveis.

O problema é que ser rejeitado faz parte da vida.

A estigmatização da rejeição e a demonização das implicações negativas presentes nela impedem que as pessoas aprendam a lidar com ela.

Elas não querem se sentir rejeitadas, então evitam pensar sobre isso. Mas, quando a rejeição eventualmente acontece, as suas reações a ela não são as mais sadias.

Mesmo que seja um assunto delicado e desagradável, psicólogos afirmam que é preciso falar sobre rejeição para desenvolver maneiras positivas de lidar com ela.

Como o medo de rejeição atua na vida?

O medo de rejeição impõe muitas limitações na vida das pessoas. Ele não é vivenciado da mesma forma por todos, por isso, não é um receio fácil de identificar.

Entretanto, ele quase sempre afeta a saúde dos relacionamentos interpessoais e a autoimagem.

1.     Postura defensiva

A pessoa que carrega o medo de ser rejeitado normalmente já se coloca em uma posição em que a rejeição é uma possibilidade, consciente ou inconscientemente.

Ela espera por esse momento mesmo que não haja indícios de que irá acontecer. Dessa maneira, a sua postura é defensiva e ansiosa.

Muitas pessoas também agem de modo passivo-agressivo por não saberem como gerenciar o receio da rejeição.

Elas tentam esconder essa fragilidade, mas não conseguem evitar de ceder às suas necessidades emocionais. Assim, podem procrastinar, se esquecer de coisas importantes, reclamar e se comunicar com grosseria.

2.     Desistência

O medo de ser rejeitado pode levar o profissional a não se esforçar para alcançar as suas metas e perder oportunidades de subir na carreira.

Se ele nem sequer tentar, não tem como ser rejeitado, não é mesmo?

Esse pensamento pode ser aplicado em diversas situações que culminam na desistência – muitas vezes precoce – de projetos.

3.     Relacionamentos tóxicos

Já nas relações sociais, a pessoa pode acabar provocando conflitos sem querer.

Por viver na defensiva, ela enxerga pequenas atitudes como ataques e acaba se fechando.

Cobranças por atenção podem ser constantes para que ela se sinta validada pelos indivíduos com quem convive.

A pessoa com medo de rejeição também pode construir relacionamentos doentios com cônjuges e amigos ao não conseguir dizer ‘não’ para eles.

Como acredita que precisa sempre agradar o próximo, ela se coloca em uma posição de inferioridade e esquece as próprias necessidades.

4.     Hipersensibilidade

A sensibilidade às críticas é outra consequência do medo de ser rejeitado. A pessoa reage de maneira exagerada a qualquer comentário negativo e ignora os positivos.

Ela fica remoendo o conteúdo da crítica, tentando entender porque foi criticada e, ao mesmo tempo, concordando com tudo o que diz respeito aos seus defeitos e fraquezas.

Também pode ficar com uma impressão negativa de quem a criticou ou evitar engajar na atividade que resultou em críticas novamente.

5.     Baixa autoestima

Quem tem medo de ser rejeitado tem dificuldade para gostar de si mesmo.

O indivíduo teme estar afastando as pessoas por não ter uma personalidade legal ou interessante e, assim, se coloca para baixo a todo instante.

Por não acreditar ser bom o suficiente, ele procura evitar se arriscar para conseguir o que deseja. A falta de conquistas acaba sendo vista como uma validação da sua incompetência.

O que causa o medo de rejeição?

O medo de rejeição possui muitas origens. Normalmente, esse temor é desenvolvido após experiências com a rejeição, como:

• Abandono parental;
• Abuso;
• Bullying na escola;
• Negligência na infância ou adolescência;
• Término de relacionamento;
• Posturas rígidas dos pais ou entes queridos diante de falhas; e
• Rejeições de parceiros em potencial ou amizades.

A partir dessas vivências, nasce o medo de encontrar a rejeição novamente e passar pelo mesmo sofrimento emocional. 

Algumas pessoas são criadas em ambientes familiares onde a pressão para performar é contínua.

Quando chegam à vida adulta, elas sentem que precisam continuar agradando os outros por meio de um bom desempenho na escola, faculdade, profissão, relacionamento, etc.

Assim, pode surgir o medo de ser rejeitado caso as expectativas de terceiros não sejam correspondidas.

Esse medo também pode ser um sintoma de uma condição de saúde mental, como a depressão, o transtorno generalizado de ansiedade, o transtorno obsessivo-compulsivo ou algum transtorno de personalidade.

A pessoa com distúrbio psíquico que se sente marginalizada por sua condição de saúde é mais suscetível à instalação desse medo.

Como lidar com o medo da rejeição?

É preciso primeiramente compreender que não tem como fugir da rejeição. Em algum momento, você vivenciará as emoções desagradáveis provocadas por ela.

A primeira coisa que costuma vir à mente quando se fala sobre esse assunto são os relacionamentos amorosos, mas a rejeição também pode se originar da família, dos amigos, da vida profissional, da vida acadêmica e de si mesmo.

Às vezes, você não é a pessoa mais adequada para uma vaga de emprego ou para ser amigo de alguém com uma personalidade “X” e está tudo bem! Não é possível agradar e concordar com todos nesta vida.

Você provavelmente já rejeitou oportunidades, indivíduos e situações que julgou não serem bons para você, não é mesmo?

O medo da rejeição pode prevenir que você veja esse ato como uma ocorrência comum da vivência humana. Para ajudá-lo a impedir que ele cause impactos negativos na sua vida, separamos as seguintes dicas:

1.     Cultive a resiliência

Uma pessoa resiliente consegue passar pelas adversidades da vida de maneira relativamente tranquila.

Mesmo que ela se estresse, sofra, tenha dias ruins ou se decepcione, não fica abalada com as dificuldades. Assim, é ideal fortalecer a sua resiliência para lidar bem com a rejeição.

Você pode fazer isso ao focar em controlar as suas emoções, construir a sua autoconfiança para ter uma autoimagem positiva e, sobretudo, praticar o autocuidado constantemente.

Compreenda que não é sobre evitar o sofrimento, mas, sim, desenvolver maneiras saudáveis de responder a ele e seguir em frente de cabeça erguida. Se você está triste, saia para correr ou encontre pessoas queridas.

Se você está com raiva, escreva os seus sentimentos em uma folha para expressá-los. Essas pequenas estratégias tornam a vida mais fácil.

2.     Não leve a rejeição para o pessoal

As pessoas tendem a ver a rejeição como algo pessoal. Elas rapidamente se convencem que são as piores pessoas do mundo quando são rejeitadas quando, na verdade, não é bem assim.

Como dito, às vezes você não é o que uma empresa, um interesse romântico, um amigo em potencial quer ou precisa naquele momento. Assim como você, o outro também sabe (ou deveria saber) o que é melhor para ele.

Se você levar a rejeição sempre para o pessoal, não conseguirá administrar bem as emoções de vergonha, desapontamento e raiva causadas por ela. Todo mundo é rejeitado em algum momento da vida. Isso não acontece somente com você!

3.     Procure aprender com a situação

Se você foi rejeitado, procure mudar o foco das emoções ruins para as possíveis lições incumbidas naquela situação.

Por exemplo, se recebeu a rejeição de uma empresa, procure compreender o porquê.

Será que você está precisando de mais experiência, conhecimento ou de uma forma diferente de abordar os empregadores?

Já se terminou um relacionamento, faça uma análise crítica (sem envolver sentimentos) para entender o que causou a separação.

Às vezes, precisamos olhar para a nossa vida com um olhar frio para compreendermos as circunstâncias, tomarmos decisões melhores e modificarmos o nosso comportamento.

As emoções podem fazer com que tenhamos interpretações erradas do ocorrido ou que coloquemos a culpa em nós desnecessariamente.

4.     Desenvolva estratégias para lidar com a rejeição

Quando você se encontrar em uma posição de rejeitado, independentemente do contexto, procure combater velhos hábitos que provocam mais desconforto emocional e sentimentos de autopiedade.

Cuide dos seus pensamentos. Ao ser capaz de identificar os pensamentos negativos que contribuem para o medo de rejeição e a raiva do outro por tê-lo rejeitado, você consegue modificar a maneira como você pensa ativamente.

Desse modo, pode desenvolver uma mentalidade mais otimista e, ainda, melhorar o controle das suas emoções.

Se você tiver muita dificuldade para lidar com a situação, pode consultar um psicólogo para conversar sobre o que causa tanto medo de ser rejeitado.

De onde vem a necessidade de ser amado a qualquer custo? A compreensão das raízes desse receio vão ajudá-lo a lidar melhor com ele.

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