Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos e os psicólogos que fazem terapia online por videochamada. Autor: Marcela Garcia Manochio - Psicólogo CRP 06/120952
Às vezes pode bater a vontade de ficar só e não conversar muito.
O desejo de introspecção é comum até mesmo entre as pessoas mais extrovertidas.
Nos momentos em que temos somente a nossa própria companhia, conseguimos refletir sobre as nossas experiências de vida e decisões.
Esse desejo normalmente surge quando sentimos que precisamos recarregar as baterias após um longo período de interações ou situações intensas.
Passar um tempo em silêncio com os próprios pensamentos e emoções, ou com pessoas próximas, costuma ser reconfortante neste contexto.
Já para a pessoa com transtorno de personalidade esquiva, esse desejo é maior e não é motivado pela necessidade de descansar e ter um tempo para coletar os pensamentos.
A motivação tem raízes em sentimentos negativos, como o medo, ansiedade e pânico.
O que é transtorno de personalidade esquiva?
O Transtorno de Personalidade Esquiva é uma condição que leva as pessoas a manterem distância de interações sociais por medo de rejeição ou humilhação.
Pessoas com essa condição têm um sentimento intenso de inadequação e acreditam que não se encaixam em nenhum meio social.
Elas possuem grande sensibilidade à frustração e, por isso, optam pelo isolamento antes que possam se frustrar ou se deparar com outros sentimentos negativos.
Elas não costumam ter uma rede de apoio para ajudá-las quando precisam. Suspeitam de que os outros estão sempre fazendo julgamentos sobre elas e não respondem bem a críticas (mesmo quando construtivas).
Logo, possuem dificuldade para formar laços.
A ansiedade é um sintoma acentuado dessa condição.
Ela instiga pensamentos negativos e temor por julgamentos e repreensões.
Por exemplo, a pessoa com personalidade esquiva evita compartilhar a sua opinião em uma roda de conversa por ter medo de ouvir que está errada e se tornar o centro das atenções momentaneamente.
É estimado que cerca de 2,4% da população tenha esse transtorno de personalidade e pacientes normalmente já convivem com outra condição. Por exemplo, também possuem ansiedade, depressão, pânico ou TOC.
Sintomas do transtorno de personalidade esquiva
Os sintomas dessa condição envolvem, sobretudo, um medo irracional por situações sociais desagradáveis.
O indivíduo teme ser repreendido, criticado, rejeitado ou humilhado em público.
Logo, escolhe não iniciar conversas, permanecer em certos ambientes e participar de atividades sociais.
Mesmo que as pessoas lhe tratem bem e não demonstrem nenhum sinal de malícia, esse indivíduo espera sempre o pior.
A opção considerada mais sensata para ele é, então, se distanciar do convívio social e de experiências.
Entretanto, o desejo por se socializar, ter um amigo ou companheiro e viver novas experiências existe e pode ser latente no indivíduo.
Como o medo ou vergonha o preocupa, o indivíduo acaba negligenciando essa necessidade.
Assim, muitas vezes, ele contribui para o próprio mal-estar.
Outros sintomas são:
- Inibição diante de interações sociais, principalmente com indivíduos desconhecidos;
- Sentimento de inadequação, de não se encaixar em grupos sociais;
- Complexo de inferioridade;
- Sensibilidade extrema a críticas;
- Dificuldade de participar de atividades devido à vergonha;
- Aversão a correr riscos pessoais;
- Exigências de garantias e validação constante nos relacionamentos;
- Medo de aceitar oportunidades, como uma promoção, por não querer ser julgado;
- Evitação de reuniões, festas, eventos e outras situações com muitas pessoas;
- Preocupação excessiva com o que os outros pensam;
- Medo de ter uma reação extrema, como chorar, gaguejar e ruborizar, em situações sociais;
- Desconfiança ao fazer amizades e iniciar relacionamentos amorosos por acreditar que o outro pode julgá-lo; e
- Preferência pelo isolamento social por despertar uma sensação de segurança, mesmo quando há o desejo de interagir com alguém querido.
De acordo com o DSM-V, os sintomas do transtorno de personalidade esquiva devem persistir por vários meses.
Como alguns deles são semelhantes aos sintomas de outras condições, como ansiedade, bipolaridade e fobia social, pode levar tempo para o diagnóstico certeiro ser feito.
Causas do transtorno de personalidade esquiva
Não se sabe quais são as causas exatas desse transtorno de personalidade.
Estima-se que experiências de rejeição durante a infância e ansiedade possam contribuir para o seu surgimento na vida adulta, como, por exemplo:
- Separação dos pais. A criança não entende o que causou o fim da relação e pode se sentir rejeitada pelo súbito afastamento;
- Viver em situações de vulnerabilidade social, como pobreza;
- Negligência parental; e
- Término de relacionamento marcante.
Alterações na produção de hormônios e neurotransmissores cerebrais também podem ser possíveis causas.
Tratamento para transtorno de personalidade esquiva
O tratamento para o transtorno de personalidade esquiva é composto por terapia e medicamentos psiquiátricos quando necessário.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem que demonstra bons resultados com pacientes com essa condição.
As técnicas utilizadas visam modificar comportamentos disfuncionais através da compreensão e modificação de pensamentos e sentimentos igualmente disfuncionais.
Sendo assim, a pessoa com personalidade esquiva tem a oportunidade de melhorar as suas habilidades sociais e construir a sua autoestima ao modificar as condutas, pensamentos e sentimentos que incentivam o isolamento.
A terapia de psicodinâmica também pode ser efetiva.
Essa abordagem tem como foco o afeto e a expressão da emoção, identificação de padrões recorrentes de comportamento e desapego de experiências negativas do passado.
Da mesma forma, o paciente aprende a evitar pensamentos e sentimentos perturbadores.
Pessoas com personalidade esquiva, como esperado, costumam evitar o tratamento.
Como temem o julgamento, acreditam que serão julgadas pelo psicólogo e terão fraquezas das quais se envergonham expostas na terapia.
Não procurar tratamento pode agravar os sintomas do transtorno de personalidade esquiva e resultar em uma vida insatisfatória e repleta de temores.
O indivíduo acaba sofrendo e pode desenvolver outras condições de saúde mental, contribuindo para a debilitação das suas capacidades psíquicas.
Como lidar com o transtorno de personalidade esquiva no dia a dia?
Precisamos interagir com outras pessoas constantemente tanto para satisfazer as nossas necessidades básicas quanto para ter uma vida de qualidade.
Quando você está com fome, precisa ir ao mercado comprar comida e interagir com os atendentes, não é?
Já no seu trabalho, você precisa interagir com uma série de pessoas, como colegas de equipe, chefes e clientes.
Se você não tiver um bom relacionamento com eles e não conseguir se comunicar, pode ser prejudicado profissionalmente.
Essas interações sociais são corriqueiras e dificilmente podem ser evitadas por completo.
Assim, é preciso quebrar as barreiras que dificultam o convívio social. Separamos algumas dicas sobre como fazer isso abaixo.
Elas não substituem o atendimento psicoterapêutico, mas podem ajudá-lo a se sentir mais confortável em momentos sociais.
1. Pense no presente
Muitos dos medos da pessoa com esse transtorno de personalidade residem em acontecimentos ruins que lhe passaram uma mensagem negativa sobre a vida.
O bullying na escola, por exemplo, pode tê-la deixado insegura e demasiadamente introspectiva.
No presente, ela traz as lembranças do bullying e tem medo da mesma situação se repetir.
Essa postura defensiva acaba prejudicando as suas relações atuais ou impedindo que amizades sejam formadas.
Então, se desapegue do que já aconteceu!
Cada situação é nova e distinta das situações já vivenciadas.
Quando você espera o passado se repetir, não se permite enxergar que os elementos temidos já não existem mais.
Pode não parecer devido às semelhanças entre o passado e o presente, mas a verdade é que você não sabe o que pode acontecer hoje.
Ainda é um mistério.
2. Compreenda que todo mundo é igual
Você não é inferior ou superior ao outro por ter uma determinada característica, personalidade, emprego, cônjuge, entre outros fatores.
Todos nós somos iguais no sentido em que merecemos respeito e temos competência para alcançar os nossos sonhos.
Você erra e o outro também.
É normal cometer gafes, não saber o que fazer em certas situações e ficar ansioso ao assumir uma grande responsabilidade com alguém.
Lembre-se disso da próxima vez que os seus pensamentos tentarem convencê-lo de que você é inferior ou não merecedor.
3. Administre os seus sentimentos
O medo, a paranoia e o pânico podem falar mais alto nos momentos em que você precisa interagir com alguém.
Para ter experiências sociais bacanas, é preciso aprender a administrá-los, bem como quaisquer sentimentos que se tornem empecilho para esse objetivo.
Respire profundamente. Tenha pensamentos positivos. Diga para si mesmo que a realidade não é tão assustadora quanto a sua mente acha. Seja o seu maior conforto quando errar e celebre os seus acertos. Utilize a lógica para contrair a ansiedade crescente em situações sociais.
Essas são táticas emocionais para ajudá-lo a administrar o que você sente e, assim, tomar decisões melhores para a sua vida.
Coloque-as em prática e descubra qual delas funciona melhor para você.
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Autor: psicologa Marcela Garcia Manochio - CRP 06/120952Formação: Formada há mais de 10 anos pela Universidade de Franca, especialista em Psicoterapia Psicanalítica, membro do Núcleo NEOTA, possui experiência em atendimentos de adultos e terapia de casal, com foco em demandas como transtornos de ansiedade, relacionamentos, conflitos profissionais, depressão...
Cara Dra. Thaiana!
Aprendi muito neste Artigo! Gratidão!
Forte abraço,
Luís Monteiro.
Obrigada pelo seu feedback e por acompanhar o conteúdo do site!
Obrigada por me ajudar no meu trabalho de tc de enfermagem… Parabéns
Ficamos contentes, Lilian!