Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos e os psicólogos que fazem terapia online por videochamada. Autor: Luzia Fatima de Andrade Lobato - Psicólogo CRP 06/119285
A dissociação é uma alteração na consciência que distancia as pessoas da realidade. Você já teve a sensação de estar desconectado de si mesmo, como se sua mente estivesse em outro mundo? Isso pode ter acontecido durante uma aula, palestra, reunião ou filme.
Todos nós temos momentos de desconexão com a realidade, principalmente em situações em que não estávamos interessados ou totalmente conectados com o que estava acontecendo ou sendo dito.
Quando a dissociação acontece, a sensação é parecida. Todavia, diferente de um momento passageiro de desconcentração, ela interfere no funcionamento das pessoas no dia a dia.
A memória, comportamento, emoção, percepção do ambiente, controle dos movimentos, identidade e outros fatores são afetados em diferentes graus durante um episódio dissociativo.
O que é dissociação?
A dissociação acontece quando há um afastamento súbito da realidade que torna a pessoa aérea e dispersa, como se sua mente não estivesse ali.
Dependendo do seu nível de gravidade, ela pode interferir ligeira ou gravemente na vida das pessoas.
De acordo com a psicanálise, esse processo é, na verdade, um mecanismo de defesa da mente contra um estresse insuportável. Ele pode ser ativo tanto durante quanto depois de um acontecimento desagradável.
Por exemplo, uma pessoa sofre um acidente de carro grave. Para se privar de sofrimento psicológico e emocional, a memória do acidente se torna inacessível ou desfragmentada.
A pessoa não consegue se lembrar dos momentos mais dolorosos ou sente que não esteve de fato presente no acidente. Em alguns casos, ela pode testemunhar a lembrança como se fosse apenas uma observadora. Consequentemente, não experimenta nenhum tipo de emoção ao pensar nele.
A dissociação é um sintoma expressivo do transtorno de estresse pós-traumático e do transtorno dissociativo de personalidade, popularmente conhecido como transtorno de dupla personalidade.
Todavia, pessoas com depressão, ansiedade, transtorno limítrofe de personalidade e outros transtornos de personalidade também podem experimentar graus de dissociação.
Sintomas da dissociação
Quando experimentamos um leve grau de dissociação, sentimos como se a nossa mente tivesse fugido por um momento, certo?
Não conseguimos nos lembrar do conteúdo de conversas e de acontecimentos recentes. A dissociação patológica possui um mecanismo semelhante, mas uma variedade maior de sintomas.
Os episódios dissociativos podem acontecer de forma esporádica ou com frequência, dependendo do distúrbio psíquico. Da mesma forma, eles podem tanto ser estimulados por um gatilho emocional quanto acontecer sem nenhuma explicação.
Amnésia temporária
A pessoa pode esquecer fatos importantes sobre si mesma, como a sua data e local de nascimento, o local do seu casamento, a escola onde estudou e até mesmo partes significativas da sua vida.
As memórias esquecidas neste caso costumam ter relação com o evento traumático. Por exemplo, a pessoa pode ter sido abusada quando criança e esquecer completamente disso ou ter lembranças que não se encaixam com o restante da sua infância. Ela pode até pensar que fazem parte de um sonho.
A pessoa também pode não se lembrar de eventos recentes e ficar preocupada com as lacunas em branco em sua memória.
Sensação de irrealidade
Esse sintoma perturba a percepção de realidade e fantasia da pessoa. Ela pode ter dificuldade para distinguir o que é real do que é imaginário. Os ambientes ao seu redor podem parecer distorcidos e os barulhos e vozes das pessoas, distantes. Ela também pode não conseguir dizer quais das suas memórias são reais e quais são fantasiosas.
A sensação de irrealidade desperta muita ansiedade, pois a pessoa sente que não tem controle sobre o que está acontecendo com ela.
Despersonalização
A pessoa não se reconhece em seu próprio corpo ou mente quando a despersonalização é desencadeada.
Esse sintoma é manifestado de diferentes maneiras, como estranhar seu reflexo no espelho, sentir desconexão com seus movimentos, acreditar que a voz na sua cabeça é de outra pessoa ou permanecer não responsivo por um período. Para outros indivíduos, ela parece não ter emoções.
Não há perda de consciência, o que pode tornar a experiência da despersonalização um tanto confusa ou assustadora. Também não ocorrem delírios e alucinações.
Alterações na percepção da identidade
Dúvidas acerca da sua identidade podem permear a mente da pessoa que sofre de dissociação com frequência. Ela pode se perguntar quem é de verdade, além de ter percepções distorcidas do tempo, espaço e acontecimentos.
Por exemplo, ela pode acreditar ser outra pessoa (um parente, uma personalidade famosa, um indivíduo de seu passado), ter uma idade diferente (ser criança ou idoso) ou até estar vivendo em outro período de sua vida. Nesses instantes de confusão, suas expressões faciais, linguagem corporal e tom de voz podem mudar drasticamente.
Sintomas físicos
Durante a dissociação, a pessoa também pode ter alguns sintomas físicos, como tremores em certas partes do corpo e sensação de formigamento nos braços, mãos, pernas ou língua. Suor excessivo, dificuldade para respirar, náusea e tontura também podem estar presentes dependendo do quadro clínico.
Causas da dissociação
Quem passou por um ou vários eventos traumáticos em algum momento da vida – tipicamente, na infância – pode desenvolver dissociação. Eles podem ser formas de abuso, negligência, violência, maus-tratos, relacionamentos tóxicos, acidentes de trânsito, desastres naturais, morte de pessoas queridas, entre outros.
Durante o momento estressante, a pessoa pode pensar “isso não está acontecendo comigo” repetidamente, estimulando o afastamento da sua consciência da realidade.
Na vida adulta, ela pode ter episódios dissociativos diante de situações semelhantes ao evento traumático ou cujos elementos (sons, cheiros, indivíduos) remetam ao trauma. Como percebe essas ocasiões como potencialmente perigosas, ela tenta se afastar delas.
Tratamento para dissociação
O tratamento para a dissociação depende muito da condição de cada paciente. Como esse sintoma está presente em muitos distúrbios psíquicos, é preciso fazer uma avaliação completa com um psicólogo para determinar o tratamento mais adequado para o caso.
Em todos eles, a terapia é recomendada. O atendimento psicológico pode ajudar pacientes a trabalharem o trauma que marcou as suas vidas, diminuindo impactos psicológicos negativos das lembranças ruins no que é vivenciado hoje.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é bastante utilizada para tratar a dissociação. Ela tem o objetivo de reduzir respostas emocionais negativas ao trauma e, assim, elevar a qualidade de vida dos pacientes como um todo.
Durante a terapia, crenças de vulnerabilidade criadas tanto a partir do acontecimento negativo quanto intensificadas por conta dele são modificadas gradativamente.
Pacientes são estimulados a refletir sobre si mesmos, seus ideais e o mundo de maneira geral. Essa autorreflexão constante proporciona a substituição de pensamentos negativos por positivos. Assim, eles conseguem desenvolver comportamentos, pensamentos e hábitos mais saudáveis aos poucos.
Outra técnica muito utilizada é a de exposição ao trauma. Ela consiste na exposição gradual às lembranças do evento traumático com o objetivo de modificar respostas a ele e aprimorar o controle emocional.
Como tentar se lembrar do acontecimento estressante costuma ser doloroso, além de ser capaz de agravar sintomas dissociativos, é recomendado fazê-lo somente com a orientação do psicólogo.
O que fazer para se cuidar no dia a dia?
O medo de não saber lidar com os sintomas dissociativos sozinho pode deixar qualquer um ansioso, mesmo com a assistência psicológica proporcionada pela terapia. Sendo assim, pessoas que sofrem de episódios dissociativos podem aprender algumas técnicas para administrá-los e construir a sua autoconfiança.
Você pode encontrar, por exemplo, maneiras de se conectar ao presente. Para algumas pessoas, tirar os sapatos e sentir a grama sob os pés pode ser o suficiente. Já outras podem precisar contar até determinado número para recuperarem a sensação de controle sobre seu corpo e mente.
Como cada indivíduo é diferente, a eficácia das técnicas de conexão varia conforme a personalidade e controle emocional. Por isso, experimente várias atividades até encontrar aquela que lhe deixa confortável e seguro.
Fazer uso de seus sentidos é uma forma de combater a sensação de desconexão. Então, tente estimular a sua visão, olfato, audição, paladar e tato antes do episódio dissociativo se desencadear.
Entre as coisas que você pode fazer estão:
- Respirar profundamente múltiplas vezes;
- Recitar um poema ou música em sua cabeça;
- Jogar um jogo de memória ou raciocínio;
- Conversar com uma pessoa de confiança e que saiba do seu diagnóstico;
- Assistir um vídeo engraçado;
- Jogar água fria em seu rosto;
- Meditar;
- Brincar com seu bichinho de estimação;
- Sair para correr;
- Cheirar as flores do seu jardim;
- Fazer atividades com as mãos, como artesanato ou jardinagem; e
- Escrever em um diário.
Se você identificou alguns dos sintomas mencionados neste post em você ou em alguém próximo, procure ajuda psicológica para saber como lidar com a situação.
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Matéria muito boa, me esclareceu muitas coisas, e me ajudou a identificar vários acontecimentos semelhantes a alguns exemplos que me levou a questionar, também me identifiquei com os exercícios que foram passados também durante algumas sessões de terapia, e realmente ajuda muito em varias situações. Parabéns.
Olá! Obrigada pelo seu feedback. Que bom saber que o texto te auxiliou de alguma forma!